domingo, 16 de dezembro de 2007

Confira entrevista de Morais ao Lance


~ Confira entrevista de Morais ao Lance
Vídeo da entrevista

Dia 3 de junho de 2007, Vasco e Fluminense. Morais sai de campo com muita dor no púbis. Aquela lesão deixaria o apoiador vascaíno fora dos gramados por cinco meses. O camisa 10 passou até por uma pequena depressão por causa da saudade da bola e, principalmente, da torcida do Vasco.

– Eu não sabia o quanto era triste a minha vida longe dos gramados. Queria jogar, o que é o meu maior prazer, e ouvir a torcida gritar meu nome novamente. Já estava acostumado a ouvir meu nome sendo gritado na arquibancada e isso, de repente, parou de acontecer – explicou.

Mas o pior ficou para trás. Morais voltou ao time na antepenúltima rodada do Brasileiro, contra o Figueirense, no dia 11 de novembro.

E fechou a temporada com um belo gol na última partida do time no Brasileirão, contra o Paraná, em São Januário.

O gol, segundo o próprio apoiador, lhe devolveu a confiança. E, com a saída de Conca e o possível adeus de Leandro Amaral, Morais garante que estará pronto para assumir a responsabilidade.

Em entrevista ao LANCE!, ele também falou, entre outros assuntos, sobre a importância da família no momento mais difícil de sua carreira e a pressão da torcida vascaína em relação ao jejum de títulos de cinco anos.

Você ficou cinco meses fora dos gramados e só voltou no final do Brasileiro. Como foi esse período? O pior já passou. Nunca fiquei tanto tempo parado. Sofri, mas aprendi muito nesses cinco meses.

Agora é esquecer e, em 2008, procurar se cuidar mais para a lesão não voltar.

Conca já deixou o Vasco e Leandro Amaral está próximo de ter o mesmo destino. Você está preparado para chamar a responsabilidade?

Tenho de estar preparado para tudo, para qualquer tipo de cobrança e pressão. Mas claro que não sou herói, não vou resolver tudo sozinho. Vou procurar dar o meu melhor e torcer para que Leandro Amaral fique e cheguem outros jogadores de qualidade ao elenco.

Se a saída do Leandro Amaral for confirmada, o quanto o Vasco perderá sem ele e Conca?

Perderemos muito. Com a minha lesão, Conca vinha fazendo um bom trabalho no meio. E o Leandro, hoje, é insubstituível, é o melhor da posição no Brasil. Sou da campanha “Fica, Leandro Amaral!”.

Você está no Vasco desde os 13 anos, ganhou tudo na base. Mas desde que subiu para os profissionais, em 2003, o clube não ganhou um título sequer. Há pressão?

Claro. Até por eu ter ganho tudo na base, a cobrança é muito grande. Mas temos que ser ainda mais homens em momentos como esse. Podia muito bem, chegando qualquer proposta, pedir para ir embora e escapar de toda essa pressão. Mas todo mundo sabe que eu sou vascaíno. Espero acabar com este jejum no ano que vem.

O que falta para o Vasco voltar a conquistar títulos?

Faltou nos últimos anos um elenco forte, principalmente para o Brasileiro. Se um clube não tem um elenco forte, com boas peças de reposição, é muito difícil chegar. Não é à toa que o São Paulo vem chegando sempre. É um clube que tem no banco jogadores que poderiam ser titulares em qualquer equipe do Brasil. Ter bons jogadores numa mesma posição é bom para dar qualidade ao elenco e não deixar ninguém se acomodar.

Antes de se lesionar, seu nome foi lembrado na primeira convocação de Dunga, para o amistoso contra a Noruega. Você ainda pensa em vestir a amarelinha?

Enquanto estiver jogando futebol, estarei sonhando em voltar a defender a Seleção.

Hoje, qual é o melhor jogador em atividade no Brasil?

Leandro Amaral. Também gosto muito do Hernanes, do São Paulo.

Voltando a falar de Morais, qual foi a importância do gol contra o Paraná?

Foi fundamental pois foi marcado de perna esquerda, na qual eu sentia mais dor. Eu me lembro que tentei voltar a jogar depois de dois meses de lesão, quase sem dor, mas não conseguia chutar de perna esquerda. Então, no gol, quando a bola caiu na perna esquerda, eu fiquei um pouco receoso. Mas, quando chutei e não senti nada, fiquei muito feliz. Foi o gol que trouxe de volta a minha confiança.

A quem você dedica o gol?

Dedico à minha família e aos meus verdadeiros amigos. Mas dedico, principalmente, à minha mãe. Quando eu estava num período de depressão, ela largou meu pai em Maceió e ficou dois meses comigo no Rio. Sabe como é, né? O filho caçula é sempre mais ligado à mãe. Aquele gol também foi meu presente de Natal para a torcida do Vasco.

Como estava sua cabeça antes de voltar a jogar?

Passei por uma fase muito difícil. Primeiro, eu ia aos jogos para torcer. Depois, passei a assistir pela TV. Sofrendo muito por não estar jogando, comecei a ouvir pelo rádio. E, por fim, nem ouvia, somente rezava. Nessas horas, você começa a pensar naqueles jogadores que ficaram muito tempo parados, como o Pedrinho. Começa a pensar besteira e acaba fraquejando, por mais que tenha fé e personalidade forte. Mas, agora, é só alegria.

Antes da lesão, você recebeu algumas propostas do exterior. Por que ainda não foi para o futebol europeu?

Ainda não fui para a Europa pois a hora certa não chegou. Não teve a proposta ideal. Não tenho pressa. Só sairei quando surgir a proposta ideal para mim e para o Vasco.

O Vasco esteve muitas rodadas na zona da Libertadores. Como explicar a queda de rendimento do grupo?

O problema é que nós deixamos de fazer a nossa parte, deixamos de jogar o futebol que vínhamos jogando e acabamos numa colocação que não esperávamos. O grupo ficou muito chateado.

O fato de o Flamengo ter começado a subir na tabela, justamente no momento em que o Vasco caía, aumentou a pressão?

Com a ascensão do Flamengo e a nossa queda, a pressão aumentou. Como nosso presidente costuma dizer, é um campeonato à parte. Por mais que você não pense, o torcedor vai para o estádio e cobra isso. Ele quer estar melhor do que o rival.

A rivalidade dentro de campo é saudável. Mas o que dizer da morte de um torcedor do Flamengo recentemente, após uma briga com torcedores do Vasco?

É um absurdo! O bonito de se ver é a torcida cantando pelo seu clube, e não brigando.

O que você achou da escolha de Rogério Ceni como craque do Brasileirão?

Além de ser um líder, Rogério é incrível. Neste ano, não teve um jogador, além dele, que fez a diferença. O próprio São Paulo teve um futebol mais de conjunto. Como os clubes do Brasil não podem competir economicamente com os da Europa, a chave é o conjunto.

E sobre o rebaixamento do Corinthians, o que tem a dizer?

Não desejo isso nem para o meu maior inimigo. Em 2005, o Vasco estava na zona de rebaixamento. A vergonha é enorme. Ficava receoso de sair de casa. Para pedir pizza pelo telefone, eu não dizia meu nome, falava outro.

Dá para o Corinthians bater o seu CRB (AL) na Segundona?

É bom não deixar para decidir a vaga para a Série A no último jogo, contra o CRB, em Maceió. Quando a torcida grita “Uh, solta o Galo!”, não dá, não. O CRB atropela.

O que você tem a dizer sobre o caso de doping do Romário e ao fato de ele ser o novo técnico do Vasco?

Sobre o doping, eu soube pelos jornais, mas tenho certeza de que Romário estará junto com o grupo para o Estadual. E como técnico, não duvido nada que o Baixola seja campeão do Rio em seu primeiro torneio no novo cargo.

A carreira

170 partidas
Tem Morais como profissional.

148 jogos
Fez o camisa 10 pelo Vasco (foi titular em 128). Ou seja: está a apenas dois jogos de completar 150 como profissional do clube.

22 jogos
Fez com a camisa do Atlético-PR, o outro clube que defendeu.

30 gols
Tem Morais como profissional, sendo 29 pelo Vasco e um pelo Atlético-PR.

2007
Devido à lesão no púbis, fez apenas 22 jogos (11 vitórias, sete empates e quatro derrotas) e quatro gols.

2006
No ano passado, fez 50 partidas (22 vitórias, 18 empates e dez derrotas), sendo titular em todas, e 14 gols.

Os shows de Marta estão na memória

Morais e Marta têm muitas semelhanças. Ambos são de Alagoas, chutam com as duas pernas, sendo a canhota a melhor delas, começaram no Vasco e têm o mesmo empresário. Ele está na torcida pela craque brasileira na disputa de melhor jogadora do mundo em 2007.

Ao falar de Marta, Morais lembrou da época em que ambos defendiam as categorias de base do Vasco. Segundo ele, a apoiadora era a única mulher que participava da pelada dos homens.

– Ela deitava e rolava na gente. Desde cedo, já tinha um estilo de jogo agressivo. Ela é baixinha, mas partia para cima e não caía com qualquer pancada. Ela é a típica apoiadora da qual as zagueiras não gostam.

Além de infernizar lá na frente, marca a saída de bola com disposição. Ela sempre deu show! – garantiu.

Sobre os melhores do mundo em 2007

Viciado no jogo “Winning Eleven”, febre entre os amantes do futebol, Morais costuma jogar com o Manchester United por ser fã de Cristiano Ronaldo. Na disputa do melhor do mundo da Fifa, porém, ele aposta em Kaká.

Kaká (Milan)
“Ele está acima da média e vai levar esse prêmio de melhor do mundo.
Ele não se envolve em polêmica e sabe lidar com o sucesso, mesmo com toda a mídia em cima.”

C. Ronaldo (M. United)
“Dos jogadores não brasileiros, gosto muito do Cristiano Ronaldo. Ele é completo: faz gol de cabeça, é veloz, tem técnica, cobra falta, bate com as duas pernas...”

Messi (Barcelona)
“É o típico exemplo de que a força vai continuar perdendo para o talento. Em 100 anos, o Hulk até pode estar jogando, mas o futebol-arte continuará fazendo a diferença.”

Fonte: Lance