terça-feira, 10 de junho de 2008
Antônio Lopes diz que Morais vai continuar tendo que marcar
O técnico do Vasco, Antônio Lopes, comentou na noite desta terça-feira as declarações do meia cruzmaltino Morais, reclamando que não consegue realizar boas partidas pelo clube ultimamente porque a obrigação com a marcação que o esquema tático lhe impõe o prejudica.
- O futebol moderno exige que o meia marque também. Ele, como jogador de meio-campo, tem que marcar. Ele pode ter tocado no assunto, mas vai ter que fazer o que é determinado. Se jogássemos só com jogadores que não sabem marcar, vai tudo para o brejo - afirmou o treinador cruzmaltino em entrevista à Rádio Manchete.
Morais foi substituído nas quatro partidas em que atuou neste Campeonato Brasileiro - uma vez pelo meia Alex Teixeira, outra pelo volante Souza e duas pelo atacante Jean. O comandante do Gigante da Colina reiterou sua opinião de que o momento do camisa 98 vascaíno não é dos melhores.
- Ele não está em uma grande fase. Ele está procurando fazer o que é passado e não tem se apresentado bem. Isso não é pelo fato de ter que voltar para marcar. Ele sabe que todos aqui têm que marcar - explicou Antônio Lopes, que prepara a equipe para a próxima partida da competição, contra o Náutico, no sábado, em Recife (PE).
Com sete pontos no Brasileiro, o Vasco ocupa a sétima posição na tabela de classificação, quatro atrás do seu adversário, que possui dez. A partida será realizada no Arruda, pois o Estádio dos Aflitos fois interditado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) devido a confusão ocorrida na quarta rodada do campeonato.
Morais: 'A gente só entrou com a intenção de marcar'
O apoiador Morais comenta a retranca do Vasco em partidas fora de casa, principalmente na derrota por 1 a 0 para o Cruzeiro, no último domingo (08/06), no Mineirão.
O jogador espera um Gigante da Colina diferente contra o Náutico, no próximo sábado (14/06), às 18h20min, no Estádio do Arruda, em Recife, pela sexta rodada do Campeonato Brasileiro.
"Acho que atacar mais e não entrar nos jogos só para se defender. Eu também estou nesse meio, jogando muito atrás. Contra o Cruzeiro mesmo não dei um chute a gol. A gente só entrou com tesão de marcar, marcar. Na hora que a gente roubava a bola para atacar, a perna estava inchada e não conseguiu chegar ao gol deles. É procurar marcar, mas também jogar em cima deles, porque em São Januário os times jogam para dentro da gente também", disse ao repórter Wagner Menezes, da Rádio Tupi.
O jogador afirma que não se sente sacrificado pelo esquema com três zagueiros do técnico Antônio Lopes.
"Sacrificado não. Acho que é um tipo de jogo, o 3-5-2, onde os alas chegam mais, apesar de que nesse jogo o Wagner ficou preso, porque o outro Wagner, do Cruzeiro, estava na frente dele. O Pablo também ficou um pouco preso ali. Acabou me prejudicando um pouco. Mas não, acho que é um esquema que, se todo mundo ajudar, pode dar certo".
O atleta comenta o seu isolamento dos atacantes.
"É uma situação que acontece dentro do jogo, sozinho. Edmundo e Leandro Amaral ficam mais enfiados porque precisam. Se ficar voltando o Leandro Amaral e deixar o Edmundo enfiado é complicado. Eu me sinto um pouco sozinho, mas nada que me prejudique tanto assim não".
MORAIS DIZ QUE PENSA EM 'RESPIRAR NOVOS ARES'
Na véspera, Leandro Amaral já havia reclamado das poucas chances criadas pelo time da Colina no jogo contra o Cruzeiro. Agora, de forma mais áspera, Morais chutou e balde e ainda admitiu procurar novos ares.
GLOBOESPORTE.COM: O Lopes afirmou que você não está vivendo uma boa fase. Você concorda com essa afirmação?
MORAIS: Não concordo com o Lopes. Não que eu esteja em uma boa fase, mas
a eliminação na Copa do Brasil e a derrota para o líder do Brasileirão não é estar em uma má fase. Não estava mal no jogo contra o Cruzeiro, até porque eu tenho que arrastar a bola até o ataque, correr e chutar.
Por que você acha que não está rendendo?
Creio que estou jogando muito atrás, estou ajudando na marcação.
Mas é uma opção sua, por querer ajudar, ou do técnico Antônio Lopes?
É uma opção do esquema. O ideal seria eu jogar mais para frente. Se eu marcar muito, quando eu pego a bola, a perna já está pesada, e eu não consigo criar. Aí, a culpa das derrotas é do Morais. Só não posso carregar essa cruz. O time ganha, ganha todo mundo, isso é o certo. Mas quando perde é o Morais.
Você acha que está na hora de sair?
A gente até pensa em respirar novos ares. Já vi outros jogadores passando por coisa piores, e eles conseguiram se recuperar. Às vezes, você começa a perceber coisas, pessoas que não confiam no seu trabalho. Tem que pensar um pouco para saber o que fazer. Estou aqui há dez anos, tem que ter paciência.
E esse jogo fora contra o Naútico? Como o Vasco precisa jogar?
Não pode entrar só para se defender. Tem que atacar mais. No jogo contra o Cruzeiro, a gente marcou, marcou, marcou e quase não atacou. Os times em São Januário partem para dentro, não ficam só se defendendo. Esse é um esquema que me prejudica um pouco.
Morais: 'De repente é a hora de sair mesmo'
As críticas que vêm recebendo e as sucessivas substituições estão incomodando o meia Morais. Após o jogo contra o Cruzeiro, o técnico Antônio Lopes admitiu que o jogador não atravessa boa fase. No entanto, nesta terça-feira, o camisa 98 chutou o balde e reclamou das críticas, dizendo ainda que este pode ser o momento de deixar o clube.
- Não concordo (sobre a má fase). Tenho minha auto-crítica. Nem estava jogando mal contra o Cruzeiro (quando foi substituído) - disse Morais, que aproveitou para reclamar de seu posicionamento em campo.
- Tenho que voltar para marcar. Aí, quando pego a bola, a perna está pesada - destacou.
Morais deixou claro que não tem proposta de outro clube, mas admitiu que pensa em sair.
- Coisas assim fazem você pensar em respirar novos ares. De repente é a hora de sair mesmo - finalizou.