sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Morais promete não questionar se for barrado: 'Vou ficar no sapatinho'

Sem treinar muito tempo, meia corre o risco de nem ser relacionado para o banco de reservas diante do clube que defendeu quando garoto

Morais admite que estrear com a camisa do Corinthians, em Maceió, sua cidade natal, é o que mais desejou desde que o clube paulista o contratou do Vasco. Apesar de o técnico Mano Menezes cogitar cortá-lo até mesmo do banco de reservas na partida contra o CRB, neste sábado, pela Série B, o meio-campista garante que não ficará chateado com o treinador.

- Eu não vou falar nada. É ele quem decide quem vai para o jogo, eu sou apenas funcionário do clube. Vou ficar no sapatinho, na minha (risos) - afirma.

O jogador nasceu em Maceió, defendeu o CRB nas categorias de base e, aos 13 anos, foi descoberto por olheiros do Vasco em um torneio no Espírito Santo. Depois disso, só visita a cidade nas férias e nas folgas. Os pais dele e um dos irmãos ainda moram na capital alagoana.

- Gosto muito daqui, queria muito estrear na minha cidade, mas não posso interferir na decisão do treinador. Vou acatar o que ele resolver - completa.

Com pouco tempo de treinamento, se for relacionado, Morais iniciará a partida apenas no banco de reservas. Caso isso não aconteça, ele deve estrear na terça-feira, diante do Gama, no Pacaembu.

Morais corre risco de não ficar nem no banco contra o CRB

Morais, que é de Maceió e chegou a defender o CRB nas categorias de base, não tem presença garantida nem no banco de reservas. Como foi contratado recentemente, Mano Menezes acredita que ele tenha necessidade de se adaptar ao estilo de trabalho e não descarta utilizá-lo apenas no confronto contra o Gama, terça-feira, no Pacaembu, também pela Segundona.

- Não vou iniciar com o Morais. Talvez, o deixe como opção, mas ainda não está habituado à nossa maneira de trabalhar, trouxe para cá para ter uma adaptação. Se eu não usá-lo sábado, a intenção é que faça a estréia na terça. Vou tomar essa decisão somente hoje à noite - acrescenta.

A novidade da equipe será o retorno do lateral-direito Carlos Alberto. O jogador não participou da última partida por conta de uma lesão no músculo reto-femural da coxa direita.

Baixinho Nenel, ou melhor, Morais, queria ser goleiro no começo da carreira

Meia do Timão, de apenas 1,70m, quebrou nove dedos em suas tentativas de defender as traves em Maceió

A altura (1,70m) comprova que a primeira posição escolhida por Morais para tentar a carreira de jogador não poderia dar certo. Se agora chega ao Corinthians como a grande aposta do técnico Mano Menezes para aumentar a qualidade do meio-de-campo, no passado, acredite, ele tentou ser goleiro com outro nome. Os atacantes lamentam. Os torcedores de seus times agradecem.

- Nós brincávamos no campinho próximo da nossa casa e ele jogava no gol. Agarrava muito bem, mas não tinha tamanho. Como também não cresceu com o passar dos anos, teve que desistir (risos) – lembra o irmão Eduardo, quatro anos mais velho.

Sempre participando das brincadeiras dos garotos maiores, Morais sofreu na tentativa de bancar o Taffarel. A cada bomba de um adversário ou alguma saída do gol meio atabalhoada, lá ia dona Maria Aparecida e o “seo” Manoel levar o até então camisa 1 para o hospital.

- Ele quebrava os dedos sempre, acho que foram nove no total. Era só chegar em casa com dores que a gente já sabia o que tinha acontecido (risos) - conta.

Por causa da baixa estatura e das dores de cabeça para os pais, Morais passou a se arriscar na linha. E deu certo. Depois de arrebentar com os marmanjos no bairro de Jatiúca, em Maceió, passou a treinar no CRB até que fosse descoberto, com 13 anos, por olheiros do Vasco.

Mas Morais não surpreendeu a família apenas pelo talento. Quando começou a ganhar oportunidades na equipe profissional do time carioca, muita gente não se lembrou de que ele era o mesmo jogador das peladas em Alagoas. O motivo? O nome.

- Aqui, ele é Nenel (talvez, uma derivação do nome oficial: Manoel) para todo mundo até hoje. Não sei explicar o motivo do apelido. A gente via o povo falando Morais e achava estranho. As pessoas da cidade também não reconheciam. Mas, agora, o povo já está acostumado - completa Eduardo.

Fanática pelo CRB, família de Morais pede compaixão com o lanterna

Eduardo, irmão do Morais, exibe camisa do primeiro time do meia

Morais terá uma estréia indigesta com a camisa do Corinthians. Ao mesmo tempo em que tentará arrebentar em seu possível primeiro jogo (começará no banco) e conquistar de vez o técnico Mano Menezes, o jogador terá de ouvir os pedidos de sua família, torcedora fanática do lanterna CRB, adversário do Timão, neste sábado, às 16h, em Maceió, pela Série B do Campeonato Brasileiro.

- Pedimos para que ele pegue leve no jogo, não machuque tanto o Galo (risos). Toda a família gosta muito do CRB, mas, desta vez, vamos torcer pelo meu irmão. Espero que o Corinthians vença, mas de pouco, 1 a 0 está bom. É só a primeira rodada do segundo turno, o CRB vai ter bastante tempo para reagir – diz Eduardo, irmão de Morais.

O novo meio-campista do Timão, aliás, revelou todo o amor pela equipe alagoana e chegou a defendê-la nas categorias de base. Em um jogo pelo clube, num torneio no Espírito Santo, olheiros do Vasco descobriram a jovem promessa, de apenas 13 anos, e imediatamente acertaram a transferência para o Rio de Janeiro.

- A gente torcia para o Vasco e aí surgiu essa proposta. Meus pais ainda tentaram segurá-lo aqui, mas ele sempre teve esse sonho de ser jogador. Foi um período difícil, chegou a pensar em desistir, mas acabou segurando a onda e, felizmente, tudo deu certo na carreira dele – acrescenta.

A família do jogador deverá estar completa para acompanhar o jogo no estádio Rei Pelé. Morando em João Pessoa, Ana Luiza, irmã de Morais, só esperava o armador entrar na relação dos convocados do técnico Mano Menezes para confirmar a presença. E isso aconteceu na quinta-feira, antes de a delegação deixar São Paulo.

Apesar da reunião dos parentes, Morais não terá muito tempo para curtir as belezes de Maceió e dificilmente terá chance de saborear um de seus pratos preferidos preparados pela mamãe Maria Aparecida: caldo de massunim, um marisco típico da região.

- Não sei se ele terá tempo de ir até a nossa casa. Se for, vai querer o caldinho. Ele é alérgico a camarão, mas esse crustáceo não causa problemas e ele aproveita para comer muito. Outra coisa que meu irmão adora é ovos mexidos com verdura. Não pode faltar quando ele vem para cá – completa Eduardo.